Foto: Divulgação/Ricardo Gomes
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O show é todo pautado no álbum Madame X, mas do trabalho Bedtimes (1994) é garimpada a música “Human Nature”, com uma presença mais que especial no ballet: das filhas gêmeas Esther e Stella e de Mercy James, que acaba de completar 14 anos. No embalo da nostalgia para os fãs, sucessos como “Papa Don’t Preach”, “Vogue” (numa performance onde escadas e andaimes não podem faltar no cenário) também entram no setlist. Portugal ganha grande destaque. Madonna fala sobre sua mudança para Lisboa. E como literalmente virou uma “Mom Soccer”, por se mudar para a cidade para matricular seu filho David Banda na escola base do time Benfica. “Eu só tomava vinho, comia bacalhau, cavalgava nas praias lindas e engordava. Não tinha amigos e me sentia sozinha. Até que meu filho disse: ‘mãe, não seja patética. Você precisa sair para fazer amizades.’” E foi então que a cantora começou a frequentar clubes de fado. Onde também conheceu a cantora fadista Celeste Rodrigues, irmã da outra famosa cantora portuguesa Amália Rodrigues (tão importante para o país que está enterrada no Panteão Nacional, ao lado dos presidentes da República e de homenageados como Camões e Pedro Álvares Cabral). Celeste deixou como herança seu bisneto Gaspar Varela, exímio guitarrista e tocador da viola do fado. Madonna “adotou” o garoto de apenas 16 anos (que já passou reveillón na casa dela de NYC) e é um dos principais músicos da Madame X Tour. Ela o apresenta no palco, lhe oferece uma cerveja (morna e salgada, segundo ela), onde Gaspar toca a música “Fado Pechincha” para Madonna cantar. Na sequência, surge uma cenografia inspirada no tradicional bairro lisboeta de Alfama, com seus azulejos portugueses, as pequenas janelas e varandas. Ali Varela sola mais algumas músicas, onde Madonna apresenta seu número de “Welcome to my Fado Club”.

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Momento do business, como ela mesma disse. Madonna tira uma selfie com uma câmera Polaroid e a leiloa para a plateia. 100% da venda é destinada para projetos sociais que ela apoia. Um fã oferece £ 1,500 e leva o “souvenir”. O clipe de uma longilínea bailarina de longos cabelos negros é projetada em preto e branco na quarta parede. Coreografia inspirada no ballet contemporâneo. Para surpresa dos fãs, mais uma membra da família: é Lourdes Maria, a primogênita. Sua homenagem vai além dos palcos; o take final do vídeo dá close na tatuagem “MOM” que ela carrega nas falanges da mão direita. Cada vez mais parecida com a mãe dos anos 90, no clipe de “Like a Prayer”. A música aliás, também está no revival, com o releitura do figurino das turnês anteriores (hoje assinado por Eyob Yohannes) e um coral poderoso de mulheres negras, presente em outros backing vocals, num tom quase eclesiástico. Sua celebração e respeito com a África se faz presente em todo o espetáculo. Dos músicos e bailarinos, em sua grande maioria negros, ao convite para a apresentação de “As Batukadeiras”, um grupo de mulheres de Cabo Verde que usam pequenos instrumentos para batucar no meio das pernas. Durante a colonização portuguesa, foram impedidas pela igreja católica de utilizar os tambores afros, porque eram um insulto para o Deus cristão. A crítica contra a colonização e as injustiças dos sistemas sociais está muito bem amarrada no setlist, nos vídeos projetados, no casting e nas brilhantes participações especiais.

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